terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Clube do Batom

ATENÇÃO: ESTE CONTEÚDO POSSUI TEOR SEXUAL E É IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS.

Na hora de dizer ao taxista para onde era a corrida, engasguei. Então, achei melhor falar primeiro o bairro, depois o nome da rua e terminar mencionando um grande hospital como referência. Teria parado por aí, se o taxista não tivesse virado o corpo para o banco de trás e perguntado:

- O que tem nesse lugar?
- É uma casa de swing - tive que responder, emendando que aquela era uma noite especial, em que a casa estaria aberta só para mulheres, para um happy hour apimentado chamado "Clube do Batom". - Uma espécie de vingança por temos passado tantas noites sozinhas enquanto os namorados iam para a pelada - expliquei já com o troco em mãos.

A fachada é discreta e os seguranças, gentis. A maioria das meninas está de vestido, chega na companhia de amigas e já começa a aproveitar o que a noite tem a oferecer. A primeira parada é no balcão de entrada, que está coberto por fantasias - é só escolher. Na sequência, uma passada rápida no cantinho da maquiagem para mais uma camada de rímel. Ao lado, uma sex shop improvisada vende lingerie, géis e anéis penianos - o simples sai por R$12,00 e o com vibro, R$22,00.

No mais, a boate não é muito diferente das outras. Toda espelhada, tem dois palcos - ambos com barra para pole dance -, sofás, banheiros e bar. É lá que peço uma caipivodka de morango logo depois que a minha vizinha opta por Sex on the beach. Não estou nem na metade do drink quando o garçom oferece uma cortesia: gela-shot - gelatina com vodka, servida no copinho de plástico. Todo mundo quer.

Sozinhas na casa de swing, o que as garotas mais fazem é tirar fotos. Agarram a barra de pole dance e foto. Sentam no sofá e foto. Balançam o arco com orelhas de coelho e foto. No meio de tantas amadoras, destaca-se Thelma Vidales (www.thelmavidales.com.br), fotógrafa profissional, especializada em fazer ensaios sensuais de pessoas comuns. "No início, bate um timidez. Mas depois elas se soltam e as fotos ficam lindas. Já fizemos ensaios com tema de carnaval, flores, samba", enumera Margarida Quadro, assistente de fotografia, garantindo que o trabalho nunca sai vulgar. Folheio o álbum, bem feito, de capa dura, de um ensaio cujo tema é fruta. A modelo-por-um-dia divide os closes com gomos de tangerina e fatias de melancia. Feito no estúdio, um álbum com 20 páginas sai por cerca de R$ 850,00.

Achei que não fosse ver nenhum homem por ali, mas conto alguns. "E pode?", pergunto a uma das organizadoras do evento e fico sabendo que são o garçom, o DJ e o tequileiro, que é um parágrafo à parte.

Importado da Argentina e dono de um sotaque sedutor, o nome dele é Daniel. Tem 28 anos, cabelos fartos, está de calça jeans, camisa branca, chapéu e diz que é o seu primeiro dia na casa. Eu faço que acredito. Daniel passa a noite inteira conversando com as meninas, faz carinho, joga charme. Embora seja trabalho, passa a impressão de que está flertando. Marca na cartela a dose de tequila e te dá o limão com a boca em um quase beijo.

Ao lado da escada, vejo uma placa onde está escrito: "Clothing is optional beyond this point". Pelo menos hoje, não tem ninguém pelado nas várias cabines, uma ao lado da outra, que tomam o segundo andar. Cada uma tem uma decoração especial - juro que não são bregas. Reparo no detalhe do papel toalha na parede, nos ganchinhos para pendurar a roupa e no necessário ventilador. Um das cabines tem a chamada Cruz de Santo André, onde pode-se prender uma pessoa pelos braços e pelas pernas para práticas sadomasoquistas. Enquanto algumas cabines têm tranca, outras nem porta têm. É bom tomar cuidado porque uma delas engana: parece reservada, mas um espelho no teto mostra para quem está do lado de fora tudo o que acontece do lado de dentro.

Além das cabines, pertinho do DJ, há um carro vermelho onde todo mundo tira fotos. Como na adolescência, para ficar mais à vontade, a boa é o banco de trás, nesse caso, uma cama espaçosa.

É nessa hora que uma mocinha se aproxima e pergunta se não quero experimentar o Sensation. Ela me encaminha até a primeira cabine, que é grande, onde um homem forte, de calça e camisa pretas está deitado no sofá. Ela diz que vai me vendar e eu vou, em suas palavras, experimentar sensações com ele. Diante da minha hesitação, ela garante que eu é que conduzo os movimentos e que só eu posso tocar nele, que fica paradinho. Toca "Take my breath away". Agradeço e desço a escada depressa.

De volta ao primeiro andar, uma garota de peruca Chanel está lambendo generosa camada de chantily no abdome do dançarino, que está de sunga vermelha. O tequileiro está apresentando a casa a um grupo de meninas que acabou de chegar e conduz uma delas pela cintura. No palco menor, a empresária Isabel evolui no pole dance. Não parece, mas ela faz aulas há apenas 3 meses. Isabel é loira, tem o corpo bonito, dois filhos, 32 anos e um casamento de 15. O marido foi o seu primeiro homem. "Tem uns três anos que passamos a frequentar o swing, mas nunca fizemos nada com ninguém. A gente só olha", conta Isabel, para quem ir a uma casa de swing ou a uma noite como essa são coisas que ajudam a sair da rotina e a esquentar a relação.


Faz calor e os dançarinos da casa começam a tirar a roupa. As meninas se aglomeram na frente do palco: metade dança e a outra metade bota as mãos para trás. Um de cada vez, os rapazes vão até o fim, o que quer dizer tirar a sunga e mostrar verso e frente. Entre uma peça de roupa e outra, exibem corpos talhados e escolhem uma mulher com quem dançar. Uma delas é Carla, 44, fisioterapeuta. Casada há 15 anos, frequenta a casa há cinco. "Eu e meu marido decidimos realizar as nossas fantasias juntos", diz ela. O maridão não vê problema nenhum em ela estar ali hoje, dançando com o stripper. "Ele me trouxe e vem me buscar mais tarde", conta.

Ao meu lado, a jornalista Juliana, solteira, 28 anos, diz que o Clube do Batom é muito melhor do que o Clube das Mulheres. "No Clube das Mulheres só pode passar a mão no tanquinho e aqui pode pegar em tudo. Até por dentro da cueca", diz ela. Na pista de dança, o tequileiro apóia o braço no ombro de uma das presentes e faz o namoradinho. "Levava para casa fácil", diz Daniela, 30, funcionária pública.

No decorrer das quatro performances, noto algumas semelhanças entre os go-go boys: todos são morenos, todos são sarados, todos vestem preto e todos puxam a mesma garota para dançar. É claro que vou lá falar com ela. Taís tem 29 anos, é administradora e está com um vestido abaixo do joelho. Pergunto por que, na opinião dela, todos os dançarinos a escolheram. Ela brinca, dizendo que é por causa do aparelho nos dentes. "Deve ser algum fetiche porque pareço mais comportada. Eles escolhem a que tem cara de santa", diz ela, contando também que é a sua primeira vez na casa e que está adorando. Pergunto então como é dividir o palco com o stripper e ela confessa ter ficado nervosa. "Fiquei preocupada em não aparecer nada e tive que segurar o vestido. Devia ter vindo de calça! Aí talvez me soltasse mais", diz.

Ao longo da noite, naquele lugar, naquele clima, é difícil não encontrar nada que não soe minimamente excitante. E não são nem dez da noite. Só sei que, quando pulei dentro do primeiro táxi, de coroa de princesa e boá cor de rosa, em frente à casa de swing, a opinião do taxista era a última coisa a passar pela minha cabeça.

Serviço:


www.2a2.com.br
www.clubedobatom.com.br



Fonte do texto : bolsa de mulher

Um comentário:

  1. Estive la dia 14 tambem, foi a primeira vez, achei divertido, fiquei so observando, as mulheres se soltam ficam doidas...rs, frequento a casa a 7 anos com meu marido e adoramos o lugar, não tem melhor !!
    Bjs

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